terça-feira, 23 de dezembro de 2008

VENCENDO O INIMIGO INTERIOR – A CARNE

VENCENDO O INIMIGO INTERIOR – A CARNE

Muitos anos atrás, o noticiário trazia a história de um certo núme¬ro de refugiados políticos da antiga União Soviética que não haviam conseguido se adaptai" à liberdade nos Estados Unidos e retornaram à Rússia depois de alguns anos. Esses cidadãos soviéticos eram como o descrente: nasceu numa posição de escravo de um regime totalitá¬rio, sem liberdade. Se emigrar para o Ocidente, vai se defrontar subi¬tamente com liberdades que nunca pensou existissem. A essa altura é confrontado por uma escolha: pode continuar a viver como se não tivesse qualquer liberdade, ou pode crer que é verdadeiramente livre e começar a aplicar tais liberdades a todas as áreas de sua vida. A maioria de nós acha incrível que alguém que provou da liberdade possa novamente colocar-se num relacionamento de escravidão, mas é exatamente isso que muitos crentes fazem. Ao invés de viverem à luz de sua libertação da escravidão do pecado, e de desfrutarem sua liberdade em Cristo, em alguma ou em muitas áreas escolhem conti¬nuar vivendo como se o pecado ainda fosse o seu senhor.
Como Você Sabe se é Santo ?
Uma vez que a carne pode produzir obras que se disfarçam com os trajes da moralidade e da espiritualidade, pode ser difícil a al¬guém dizer se suas boas obras são meramente o resultado de uma natureza pecaminosa que se supera em produzir boas obras (falsifi¬cações). Como de costume, a Bíblia não nos deixa no escuro com respeito a este assunto importante. Uma passagem das Escrituras é particularmente útil. Enquanto a lê, você poderá usá-la como uma lista de conferência para sua própria vida.
Em Gálatas 5.17-21, o apóstolo Paulo descreve a guerra entre o Espírito e a carne. Para demonstrar quem está no controle, Paulo alista 15 características das obras da carne. Não importa quão boa, moral, religiosa ou espiritual uma atividade possa parecer, se for produzida pela carne, então esses serão alguns dos resultados que sempre vai produzir. Essas quinze obras da carne podem ser dividi¬das em quatro grupos.

1º O primeiro grupo focaliza o pecado sensual.

1. Imoralidade é ba¬seada na palavra grega porneia, da qual derivamos a palavra "por¬nografia". Refere-se a toda e qualquer atividade sexual fora do casa¬mento. Isso inclui homossexualismo, sexo pré-conjugal e infideüda-de conjugai. Qualquer atividade sexual entre duas pessoas que não sejam de sexos opostos e casadas uma com a outra cai nessa catego¬ria.

2. A impureza pode referir-se a pecado sexual, mas geralmente in¬clui mais que imoralidade.

3. Sensualidade, também, é mais amplo que imoralidade, e inclui qualquer atividade sexual não necessaria¬mente envolvendo fornicação.
Isso incluiria as muitas piadas e insinuações sexuais nas chama¬das comédias "familiares" na televisão. Mesmo filmes liberados pa¬ra pré-adolescentes estão cheios de insinuações sexuais e referên¬cias a sexo ilícito. Esses filmes projetam uma imagem desse estilo de vida que é muito atraente. Muitos dos comerciais e anúncios também têm o propósito de provocar atração sexual para que assim o freguês se identifique com o produto e o compre. Muito da moda masculina e feminina de hoje é produzida para ser sensual. Tudo is¬so cai sob a. categoria da sensualidade, e é claramente um produto da carne.
Idolatria - Com ou Sem Imagens

2º A segunda categoria focaliza duas atividades que eram típicas das religiões não-cristãs - idolatria e feitiçaria.

1.Idolatria é a adoração a qualquer coisa em lugar de Deus. Em tempos antigos, e ainda hoje em culturas primitivas, as pessoas faziam ídolos como representan¬tes físicos de seus deuses. No Ocidente, nossos deuses geralmente são os ídolos da mente, mais sofisticados; mesmo em tempos anti¬gos, porém, a idolatria começava como um pensamento na mente, antes de se transformar numa imagem física. Uma vez que não for¬jamos imagens, freqüentemente pensamos que não somos idolatras. Nada poderia estar mais longe da verdade! Ainda pensamos os mes¬mos pensamentos idolatras dos antigos, apenas os expressamos de modo diferente. Adoramos o sucesso, o dinheiro, a carreira, o sexo, a família, os filhos, os confortos, e a "boa vida". Qualquer um des¬ses pode tomar o lugar de Deus em nossas vidas e se transformar num ídolo. Num certo sentido, somos mais enganados que os anti¬gos, já que pelo menos eles tinham alguma consciência do que ado¬ravam. A pessoa comum de nossos dias jamais admitiria que sua carreira ou seus filhos são seu deus.

2. A segunda atividade neste grupo é muitas vezes traduzida como "feitiçaria", mas é na verdade uma tradução da palavra grega phar-makia (de onde vem nossa palavra "farmácia"). Ernest De Witt Burton, em seu clássico comentário de Gálatas, diz o seguinte sobre es¬sa palavra:
...a partir de Homero, [ela] denota uma droga, seja ela danosa ou saudável. Pharmakia significa, em geral, o uso de drogas, seja de ma¬neira útil por um médico, seja prejudicialmente, daí o envenenamen¬to... Na Septuaginta, a palavra é uniformemente empregada num sen¬tido negativo, com respeito a feitiçarias ou encantamentos.1
Essa palavra engloba todo uso e abuso de drogas que se tornaram tão comuns hoje em dia. Em última análise, ela fala da dependência de uma droga (seja álcool, cocaína, soníferos ou qualquer outra coi¬sa) para oferecer a alegria, a paz e a liberdade de ansiedade que só pode vir com um relacionamento correto com Jesus Cristo. (É claro que não estamos falando do uso legítimo de remédios para obter be¬nefícios curativos.)
Como é Que Você se Dá Com os Outros?

O terceiro grupo de obras da carne contém oito atitudes que se demonstram em relacionamentos pessoais: inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas. Sempre que alguém trabalha na força da carne, o egoísmo (mesmo que disfarçado em bons motivos e ações) se manifesta mais cedo ou mais tarde. Ao olharmos essa lista de atitudes, não podemos deixar de pensar no grande número de problemas matrimoniais e na alta incidência de divórcios entre crentes hoje em dia. Também não podemos ignorar o aumento da violência contra filhos e esposas que se tornou tão corriqueiro na década passada. Essa é uma manifestação de atitudes e vidas pecaminosas, que contraria a idéia de uma vida a dois para servir a Deus e glorificá-lo.

A primeira dessas palavras é usada muito raramente hoje:

1.inimizade. Carrega consigo a idéia de hostilidade. Os homens caídos es¬tão num estado de inimizade contra Deus e uns contra os outros. O único outro lugar em que a palavra ocorre no Novo Testamento é em Efésios 2.14-16, onde o tópico é a hostilidade entre judeu e gen-tio. Estritamente falando, no contexto da Bíblia, a palavra tem a co¬notação de anti-semitismo, mas, num sentido mais amplo, ela se ex¬pande para cobrir todo o conceito de preconceito racial.
2.Porfias, a segunda palavra desse grupo, é a conseqüência prática da atitude de hostilidade. Ela focaliza a ação de rompimento e con¬flito. Tal como outras das obras da carne, é o resultado de buscar desejos egoístas, e não os desejos de Deus.
3.Iras, o terceiro termo, incorpora a idéia de explosões de gênio, de manifestações violentas de raiva, em contraste com aquele tipo de ira que é mais profunda, mais quente e mais duradoura. Mais Obras da Carne
4.As quatro palavras seguintes deveriam ser observadas juntas: dis¬córdias, dissensões, facções, invejas. Cada uma delas focaliza atitu¬des semelhantes em uma perspectiva ligeiramente diferente. Cada uma se baseia em atitudes de auto-promoção, auto-gratificação e auto-afirmação que provocam rompimentos em relacionamentos pessoais na família e na igreja. Essas palavras são todas encontradas nas descrições que Paulo faz da igreja em Corinto. Por não estarem servindo a Cristo, mas a seus próprios interesses, o resultado era di¬visão. Todavia, precisamos nos lembrar que nem toda divisão é ruim (ver 1 Coríntios 11.19). Apesar do Novo Testamento exortar os crentes a viverem em união (ver João 17.21 e Efésios 4.1-6,13), tal unidade é baseada nas doutrinas que claramente se acham nas Escrituras - uma unidade baseada na doutrina, não às custas da doutrina.

O grupo final dos produtos da carne focaliza duas ações que devem ser encaradas juntas: bebedices e glutonarias.

1. bebedice é claramen¬te descrita aqui como uma obra da carne. Com muita freqüência hoje em dia, a bebedice e o alcoolismo são tratados como se fossem uma doença. As obras da carne, no entanto, são claramente o resultado de nossas próprias escolhas. Embora as Escrituras não proíbam categori¬camente o uso de vinho ou álcool, estes devem sempre ser usados com moderação, e nunca ao ponto de provocarem a embriaguez. Em¬bora o abuso do álcool possa levar, em alguns casos, à dependência química, o problema básico não é físico, mas espiritual. Inicialmente o ato foi uma escolha pecaminosa da vontade. Se bem que o proble¬ma físico, a dependência, deva ser tratado, o problema só fica parcial¬mente resolvido se a questão do pecado não for tratada.
2. A segunda palavra, glutonaria, não é muito usada hoje. Uma pa¬lavra mais apropriada em nosso vocabulário atual seria farra - aquele tipo de celebração em que a bebida corre solta, atos imorais são livremente praticados e alegria e prazer são desfrutados às custas da glória e da santidade de Deus.
Essa litania de pecados é tão contemporânea quanto o jornal da ma¬nhã ou as pessoas que vimos no último culto de domingo. Fica claro, nessa passagem, que tais pecados não são resultado da ação de demô-nios, de Satanás, ou do mundo, mas são os resultados específicos de uma mentalidade e de um estilo de vida controlados pela carne.
O Diabo Me Fez Fazer Isso?
O fato alarmante é que existe um crescente desvio de fé entre muitos crentes, que coloca mais e mais responsabilidade por peca¬dos pessoais sobre os demônios e Satanás. Depois de ler artigos e li¬vros escritos recentemente, vimos referências a demônios denomi¬nados Cobiça, Assassinato, Inveja, Maledicência, etc. Em lugar al¬gum as Escrituras oferecem apoio para tal conceito; deixam bem claro, isto sim, que tais ações são produto da carne. De fato, como Gálatas 5 claramente mostra, essas não são obras de demônios, mas da carne. É isso que queremos dizer quando afirmamos que muitos crentes não estão sendo bíblicos ao tratar dessas questões.
Embora os que ensinam tais coisas possam estar honestamente querendo ajudar os crentes a vencer o pecado em suas vidas, cremos que tal ensino acaba sendo prejudicial porque dá aos crentes uma desculpa anti-bíblica para negar a responsabilidade pessoal pelo pe¬cado: "O diabo me fez fazer isso." Ao invés de aceitarmos a respon¬sabilidade pessoal por nosso pecado, preferimos transferi-la para mais alguém ou algo. Ao invés de escolher a solução bíblica de con¬fessar e fazer morrer as obras da carne, procuramos resolver o pro¬blema "amarrando demônios" ou praticando "exorcismos". Interes¬santemente, "passar o abacaxi" tem sido uma maneira conveniente de evitar a responsabilidade pessoal pelo pecado desde o Jardim do Éden. Quando Deus confrontou Adão, este pôs a culpa em Eva, que culpou a serpente. Deus, porém, recusou-se a aceitar tal evasão, e lançou contra cada um dos dois um julgamento por terem escolhido ceder à tentação. Se você é crente, a questão não é quem apresenta a tentação, mas se você vai confiar em Deus e obedecê-10 ou vai ce¬der à tentação. Os crentes que se deixam direcionar erradamente nesse assunto acabam sendo desviados da luta contra o verdadeiro inimigo que a Bíblia aponta como quem nos ataca nessa área da guerra espiritual - a carne.

A Cova Funda do Pecado
Uma razão pela qual tantos crentes caem na armadilha de pensar incorretamente sobre essas questões é que muitas pessoas subesti¬mam quão incrivelmente maligno o pecado realmente é. Quando nos movemos em direção ao pecado, é como entrarmos numa enor¬me caverna subterrânea (já que nascemos nas trevas). Quanto mais ficamos entrincheirados em nosso pecado, e quão mais ele se entrin¬cheira em nossas vidas, mais descemos na escuridão da caverna. Ao sermos salvos, ganhamos a luz de Cristo, que brilha na escuridão à nossa volta, mas ainda precisamos mudar a direção de nossos pas¬sos e sair da caverna. Em nossa cultura instantânea, em que tudo já vem pronto, pensamos erradamente que podemos conseguir vitória sobre hábitos pecaminosos de toda uma vida com algum tipo de so¬lução rápida. Erradamente acreditamos que, se confessarmos nosso pecado, nos arrependermos, e sentirmos tristeza ou remorso por nosso pecado, Deus de alguma forma nos erguerá do fundo da cova por algum elevador espiritual e nos trará à superfície. Isso simples¬mente não acontece.
O que realmente acontece é que, pelo poder do Espírito Santo e pela luz da Palavra de Deus, somos capacitados a caminhar para fo¬ra da caverna. É um processo gradual, de um passo após o outro. Não é fácil, mas é possível. No entanto, a alegria que o acompanha e o fruto que é produzido ao longo da caminhada são verdadeira¬mente miraculosos. Infelizmente, muitos crentes tentam algum ma-cete de falsa espiritualidade, ou jamais experimentam o cristianismo bíblico, e acabam desistindo quando vem o fracasso. Daí, entram em pânico e se voltam para alguma solução instantânea que esteja na moda, e uma dessas soluções que está na moda é pôr nos demô¬nios a culpa por pecados profundamente enraizados.

Elaboração Ev. Paulo André

Bibliografia Sugerida

Triunfando na Batalha - Thomas Ice e Robert Dean,Jr

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